quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tempo


O tormento da ausência parece maior do que a indiferença. Cinco minutos longe de quem ama, cinco minutos de asfixia. Uma situação de loucura, quando sabe que poderia encontrá-la ainda em vida em qualquer lugar. Esperança.

Planos para a vida toda. Um apartamento, um carro, um espelho grande na sala, um cantinho-do-ballet. Mas e onde ela estaria nessa história? Provavelmente trancafiada em um quarto qualquer, proibida de encontrá-lo.

Tudo poderia simplesmente parecer um sonho, uma loucura, ou qualquer outra coisa. Mas nada tirava da cabeça que ele deveria continuar sonhando, para não decepcionar o próprio coração. Tempo, esperar, esperança. Tudo por um amor verdadeiro, que um dia bateria à porta, longe do tempo esperado.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Nothing else matters right now

Eles nunca haviam se encontrado antes, era impossível. Haviam esperado por este momento uma eternidade. Era uma noite agradável, única. A temperatura pairava os 17°C, o céu não estava estrelado, uma brisa suave cortava o silêncio quando acariciava as folhas das árvores. As pessoas estavam se recolhendo cedo.

Minha vida passava a tomar um rumo, um sentido. Eu estava lá, no meu vazio, andando em círculos, desde o glorioso 29 de Janeiro de 1970. É tempo, é muito tempo. Não tinha rumo, lógica, sentido, felicidade, sorrisos, amor. Sempre pedia para ter tudo isso, obviamente. Foi quando a conheci.

Tudo o que mais queria estava ali, em seus braços. Aquele momento, aquelas palavras, aqueles beijos, os abraços, os sorrisos. Tudo valia muito mais do que receber qualquer fortuna. Ela havia tirado a venda dos olhos de um pobre ser, ela estava fazendo dele o menino mais feliz da face da terra.

E a foto? Quem mais guardaria um momento desses a não ser eu? Não consigo deixá-la um instante sequer de lado. Nada disso vai acabar tão cedo...

No primeiro encontro, ele sabia que sentiria a falta dela assim que deixasse o local. O tempo, além de ser excedido, tomou o tempo de outros compromissos os quais outrora eram julgados importantes. Porém, naquele momento, nada superava o fato dele estar com ela ali, em seus braços.

Aqueles 10 minutos se procriaram, e se tornaram 50. Todos já o procuravam. Ele não deu a mínima importância, pela primeira vez na vida.

O tempo estava fechado, e começou a chover, e os dois ficaram ali, abraçados, no meio da rua. A sinfonia daquelas gotas, caindo uma a uma no chão, cumprimentando-o por estar com a namorada mais bela do mundo, que não pensava duas vezes em falar: "Meu namorado, só meu...". Ela estava deixando ele sem palavras. Era um momento proibido, sim. Mas apesar de ser proibido, e de querer se tornar imperfeito, tornou-se o mais perfeito de todos.

Os olhos de ambos brilhavam, os corações batiam forte, os sorrisos estavam radiantes. Naquela rua os carros insistiam em passar. Quase eram atropelados, mas nada disso importava. Eles estavam no céu, ou em qualquer outro lugar. Ninguém os enxergava, apenas desviavam do vazio que a falsa ausência de ambos causava naquele lugar.

Quando ele voltou para casa, apenas restou uma fotografia. Ela saiu linda, como sempre. Ele estava com um sorriso enorme, enorme. Bobo, completamente bobo por estar com ela, a menina mais bela do mundo. Ele estava louco por ela.


Horas e horas olhando para a mesma foto. Aquela, em que eu saí com aquele sorriso enorme, incontrolável. Estava lá, com ela, na chuva, longe de tudo e de todos, os carros passavam, quase nos atropelavam, ou até mesmo não nos enxergavam. Estávamos em outro mundo. Eu estava completamente feliz em ouvi-la chamar-me de “meu namorado, só meu”. Era como um sonho, e ela me disse isto tantas vezes, que passei a crer que realmente era um sonho. Não haveria consequências, dor ou lágrimas. Ela estava ali, nos meus braços, nos braços do menino que se tornara o mais feliz do mundo.