quarta-feira, 3 de julho de 2013

Secret

Olá, meu amor, olá! Você não sabe como está fazendo falta aqui. Disse que estaria presente o tempo todo, mas aquele seu perfume, que não ficou guardado em minhas roupas, em meus pertences, está na minha memória. O vento bate aqui na varanda, e eu ouço a sua voz nele.

Não, eu não estava louco quando disse que estava apaixonado por você. Tenho certeza da sua existência. Já vi você por aqui. Talvez não fosse o que você queria.  É muito estranho ver você como um passado distante. É terrível ouvi-la pronunciar meu nome de uma maneira disfarçada de impessoal, mas carregada – isso, carregada – de passado.

Estive esperando aqui por você, por uma eternidade. E tudo o que é ilegal torna-se uma aventura. Eu sei, nunca estaremos juntos novamente. Ainda mais agora, que meio mundo já sabe das vezes que fugimos para os nossos mundos, para as nossas histórias em paraísos paralelos. De quando fugíamos da rotina, e eu te levava até em casa, ou simplesmente ficávamos deitados debaixo de uma árvore qualquer, vendo que formato as nuvens teriam. Eu sei, preciso crescer muito para entender que não é esse tipo de coisa que você procurava.

Ah, querida. Mostrei-te todos os precipícios que me rodeavam, e te apresentei todos os meus fantasmas. Escolhi você, mesmo tendo que ser tão secreto. Sabia que poderia pagar com a vida se soubessem que te roubei do meio dos anjos, para ser minha. Para ser o meu anjo.
Espero poder ver-te logo, e sentir pelo menos por mais uma vez, o quão incrível e único é ser secreto.

Até mais ver!

(Gabriel Derlan, 1988)