Olá, meu amor, olá! Você não sabe como está fazendo falta
aqui. Disse que estaria presente o tempo todo, mas aquele seu perfume, que não
ficou guardado em minhas roupas, em meus pertences, está na minha memória. O
vento bate aqui na varanda, e eu ouço a sua voz nele.
Não, eu não estava louco quando disse que estava apaixonado
por você. Tenho certeza da sua existência. Já vi você por aqui. Talvez não
fosse o que você queria. É muito
estranho ver você como um passado distante. É terrível ouvi-la pronunciar meu
nome de uma maneira disfarçada de impessoal, mas carregada – isso, carregada –
de passado.
Estive esperando aqui por você, por uma eternidade. E tudo o
que é ilegal torna-se uma aventura. Eu sei, nunca estaremos juntos novamente.
Ainda mais agora, que meio mundo já sabe das vezes que fugimos para os nossos
mundos, para as nossas histórias em paraísos paralelos. De quando fugíamos da
rotina, e eu te levava até em casa, ou simplesmente ficávamos deitados debaixo
de uma árvore qualquer, vendo que formato as nuvens teriam. Eu sei, preciso
crescer muito para entender que não é esse tipo de coisa que você procurava.
Ah, querida. Mostrei-te todos os precipícios que me rodeavam,
e te apresentei todos os meus fantasmas. Escolhi você, mesmo tendo que ser tão
secreto. Sabia que poderia pagar com a vida se soubessem que te roubei do meio
dos anjos, para ser minha. Para ser o meu anjo.
Espero poder ver-te logo, e sentir pelo menos por mais uma
vez, o quão incrível e único é ser secreto.
Até mais ver!
(Gabriel Derlan, 1988)