terça-feira, 6 de setembro de 2016

I'll Find a Way


Seiscentos segundos e uma ficha de telefone. Pedi-a para descer no térreo para ao menos abraçá-la, e dizê-la que a amo, como ninguém amaria. Talvez submerso na própria mentira de que que ela sempre soube de tudo, minhas palavras tornaram-se cianureto em minha boca e por instantes eu morri.

Aquele sorriso desconcertante ao partir sugou as últimas gotas que restavam da minha vontade de esconder o que aquela inundação de dopamina me mandava fazer. Gritei com tudo o que restava dentro de mim, para que ela pudesse ouvir. 

Não restaria nada a ser lembrado senão rasuras não lidas em guardanapos e minhas cinzas jogadas em qualquer lugar. Porém, de mesmo modo, não teria corrido de braços abertos por um erro que não valesse a pena.

Não há volta!

Em meu último suspiro percebi que meu desejo de manter aquela história em minha mente acabou por me afastar, como um revés aos meus sonhos. Quando o velho personagem encontrou um novo amor e o talvez sentado de frente para aquele mesmo olhar mal poderia esperar para o desfecho da história.

E assim tudo acabou. Um guardanapo com o resto de nossas histórias saltou de minhas mãos e tornou-se livre ao som do vento frio de uma noite de fim de inverno.