sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A New Life, Again



Em um dado momento o tempo chega. Revive-se novos olhares, o nascer do sol, e uma nova forma de amor.  A vontade de rasgar páginas e caminhar novamente é o que não mais falta. Forjar o próprio velório aos inimigos, aos fantasmas, às ilusões e seguir uma nova vida, já está concluído em suas entrelinhas. 

Reescrever determinadas histórias para que não haja necessidade alguma de um esconderijo é um grande alvo. A facilidade de reler o que passou sem entrar em síncope é sinal de que certas coisas da vida até foram importantes, mas tudo passou. Um novo amor, uma nova vida. Tudo se repete, novamente, dia após dia.




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Morte Como um Mero Devaneio

Está frio, e com muita chuva. A tempestade me envolve. Já não posso mais pensar em seguir o mesmo caminho, pois posso desaparecer. Essa brisa molhada que me envolve me mata aos poucos e me assusta muito. Quero fugir daqui. Alguém disposto a me ajudar? Não, nem eu estou! Ouço vozes estranhas toda hora, e todas elas me lembram a voz dela. Essa voz tão repudiada pelas minhas mágoas e desavenças com o meu destino. Já perdi alguns pedaços meus por aí, e alguns litros de felicidade, que se misturaram a toda essa injúria. Dizer adeus é morrer um pouco. Desapareço em meio a tanto desapego, a tanta expectativa falsa. As telhas aqui já estão voando, e a água está subindo. Estou caindo em um imenso oceano, correndo de mim mesmo. Quem sabe não esteja na hora de ir? Quem sabe não fosse para sempre, ou então eu esteja vivendo um livro. Meu nome já não está mais naquele álbum. Ela se fez livre, mas me deixou acorrentado, e em breve a única voz que ouvirei será a do meu respirador, entrando em curto e me levando a outro lugar.



Então, ao longe, ouviam-se ecos. Uma voz tênue, dizia:
" - Ele está vivo, mais uma vez. Deem a vida a ele. Pode acordar, Gabriel."

Scarborough Fair



Quando atravessar o mundo e todas as suas curvas, recorde-me a alguém. Ela não pode esquecer de encontrar-me antes do inverno chegar. Existe um vazio que ela deixou outrora, no centro do mundo. Diga a ela que o meu tempo de vencer a nossa loteria está chegando, e que quero que ela esteja por perto. Se não for a cura, que seja a bonança. Se não for um amor, que seja apenas a sua voz suave em meu ouvido são. 

Encontre-me antes do inverno chegar, no meio da estrada, em uma noite chuvosa como dantes. Encontre-me sem tempo de me ver, mas fique um pouco mais. Avise a todos que estará comigo, e que todos venham nos capturar. Antes do nosso inverno, porém, o seu abraço será aconchegante, e as gotas de chuva no asfalto parecerão, mais uma vez, uma sinfonia ao nosso encontro.



quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Farewell

     
Em um lugar distante, tal qual um vilarejo de forasteiros, caçadores. Mas não era assim que as coisas funcionavam. Era um casal feliz, que esperava a noite chegar para dar fim ao trabalho e se encontrar, sentados na varanda.

Certo dia, ela não voltou. Por tempos, ele procurou pacientemente, mas não a encontrou. Não saberia viver sem aquele sorriso meigo, ou aquela voz doce. Sabia que já havia ocorrido o adeus, mas não quis aceitar. Tal qual um sonho ruim.

Uma simples história reescrita de um velho homem. Ele, por fim, implora imóvel para que alguém o acorde deste sonho ruim. Ela está dormindo ao seu lado, mas ele ainda definha em um pesadelo qualquer, ansioso para acordar e beijá-la, no alívio que sua presença causa.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Tempo


O tormento da ausência parece maior do que a indiferença. Cinco minutos longe de quem ama, cinco minutos de asfixia. Uma situação de loucura, quando sabe que poderia encontrá-la ainda em vida em qualquer lugar. Esperança.

Planos para a vida toda. Um apartamento, um carro, um espelho grande na sala, um cantinho-do-ballet. Mas e onde ela estaria nessa história? Provavelmente trancafiada em um quarto qualquer, proibida de encontrá-lo.

Tudo poderia simplesmente parecer um sonho, uma loucura, ou qualquer outra coisa. Mas nada tirava da cabeça que ele deveria continuar sonhando, para não decepcionar o próprio coração. Tempo, esperar, esperança. Tudo por um amor verdadeiro, que um dia bateria à porta, longe do tempo esperado.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Nothing else matters right now

Eles nunca haviam se encontrado antes, era impossível. Haviam esperado por este momento uma eternidade. Era uma noite agradável, única. A temperatura pairava os 17°C, o céu não estava estrelado, uma brisa suave cortava o silêncio quando acariciava as folhas das árvores. As pessoas estavam se recolhendo cedo.

Minha vida passava a tomar um rumo, um sentido. Eu estava lá, no meu vazio, andando em círculos, desde o glorioso 29 de Janeiro de 1970. É tempo, é muito tempo. Não tinha rumo, lógica, sentido, felicidade, sorrisos, amor. Sempre pedia para ter tudo isso, obviamente. Foi quando a conheci.

Tudo o que mais queria estava ali, em seus braços. Aquele momento, aquelas palavras, aqueles beijos, os abraços, os sorrisos. Tudo valia muito mais do que receber qualquer fortuna. Ela havia tirado a venda dos olhos de um pobre ser, ela estava fazendo dele o menino mais feliz da face da terra.

E a foto? Quem mais guardaria um momento desses a não ser eu? Não consigo deixá-la um instante sequer de lado. Nada disso vai acabar tão cedo...

No primeiro encontro, ele sabia que sentiria a falta dela assim que deixasse o local. O tempo, além de ser excedido, tomou o tempo de outros compromissos os quais outrora eram julgados importantes. Porém, naquele momento, nada superava o fato dele estar com ela ali, em seus braços.

Aqueles 10 minutos se procriaram, e se tornaram 50. Todos já o procuravam. Ele não deu a mínima importância, pela primeira vez na vida.

O tempo estava fechado, e começou a chover, e os dois ficaram ali, abraçados, no meio da rua. A sinfonia daquelas gotas, caindo uma a uma no chão, cumprimentando-o por estar com a namorada mais bela do mundo, que não pensava duas vezes em falar: "Meu namorado, só meu...". Ela estava deixando ele sem palavras. Era um momento proibido, sim. Mas apesar de ser proibido, e de querer se tornar imperfeito, tornou-se o mais perfeito de todos.

Os olhos de ambos brilhavam, os corações batiam forte, os sorrisos estavam radiantes. Naquela rua os carros insistiam em passar. Quase eram atropelados, mas nada disso importava. Eles estavam no céu, ou em qualquer outro lugar. Ninguém os enxergava, apenas desviavam do vazio que a falsa ausência de ambos causava naquele lugar.

Quando ele voltou para casa, apenas restou uma fotografia. Ela saiu linda, como sempre. Ele estava com um sorriso enorme, enorme. Bobo, completamente bobo por estar com ela, a menina mais bela do mundo. Ele estava louco por ela.


Horas e horas olhando para a mesma foto. Aquela, em que eu saí com aquele sorriso enorme, incontrolável. Estava lá, com ela, na chuva, longe de tudo e de todos, os carros passavam, quase nos atropelavam, ou até mesmo não nos enxergavam. Estávamos em outro mundo. Eu estava completamente feliz em ouvi-la chamar-me de “meu namorado, só meu”. Era como um sonho, e ela me disse isto tantas vezes, que passei a crer que realmente era um sonho. Não haveria consequências, dor ou lágrimas. Ela estava ali, nos meus braços, nos braços do menino que se tornara o mais feliz do mundo.




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pra Sempre



Um amor que surge sob a guarda de uma árvore em uma noite de verão, no meio da avenida. A conheceu em um desvio, uma mudança. Nunca pensou sequer em uma aproximação. Mas a distância diminuiu como louca. O vício em encontrá-la foi maior a cada dia, por muito tempo.

O momento no qual mais precisou de alguém pra desabafar, rir, chorar algumas vezes, receber conselhos, já sabia para onde correr. Queria apenas encontrá-la, muitas e muitas vezes. Era uma amizade perfeita e completa. Cúmplices.

O amor veio à tona, mas em secreto. Ela não precisava saber. Dia após dia corria para lá, naquela casa em frente à uma grande árvore e ali conversavam muito. Tudo tão perfeito, aconchegante. Uma voz macia, suave, mas alegre. Contava seus segredos em risos.


"Sabe, eu tinha ciúme de vocês dois.. Você nunca vai entender."

Tarde demais. Um perfeito Game Over (ou quem sabe um try again?). Começaria a tentativa de tornar-se único. Um jogo no qual o coração de ambos deveria ser livre de entrar em atresia. Tudo tão grande. Aquela sensação de um amor eterno, recém nascido.

(Gabriel Derlan, 1987)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Long Road to Ruin



Dentre muitas histórias velhas e reescritas, uma, guardada em um papel bem dobrado no fundo da sapateira. Contava a história de um ladrão e seus dois amores. O que ele queria era roubar um coração para ele, ou o corpo todo, a vida toda. Havia alguém em um lugar santo. Seus olhares cruzaram mais de uma vez.

Ardilosa. Em uma guerra, foi a primeira a ficar por cima e nunca mais saiu. O ladrão agora era vítima de algo mais forte: outro amor. Amor ardiloso, interesseiro, cruel. Seu medo de ir para trás de umas grades eternamente pareceria muito mais agradável. Tentando roubar um coração, acabou sem a cabeça. Agora, além de um coração, precisava também de uma cabeça.

O tempo passa, mas não resolve. Aquela outra dama no primeiro banco da fileira oposta parecia querer algo. Para quem está perdido, não custa arriscar. Ledo engano. Custa um chão. Pois sem coração nem cabeça, não se pode apaixonar. Se puder, ainda assim não se pode amar.

Quando a reencontrou muitas vidas depois, estava gloriosa! Ele já havia reencontrado um coração e muitas outras coisas, menos sua cabeça. Deixou-se envolver por tanta aposta e caiu. Perdeu um beijo. Um beijo roubado. Ela fugiu, mas deixou cair uma carta. Ao ler a carta, o Ladrão deixou escapar seu coração no meio da rua, e ele quebrou. Sim, ela tinha um par.

Queria o seu beijo de volta. Um beijo de ladrão. Encontrou-a no endereço da carta, e pegou tudo o que era seu. Mas lembra do chão? Ela roubou. Ele caiu sem dó, sem coração, nem chão ou cabeça. O tempo não resolve, mas corre como um louco.




quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Amor



Algo tão belo e grandioso, o amor. Poderia até ser resumido em algo que faz crescer abruptamente um jovem que outrora possuía atitudes infantis. Ou até mesmo naquele primeiro abraço dado em alguém do lado oposto. Sentir o coração dela bater como se estivessem conectando duas almas em uma só.

Ah, o amor! Tira o complexo de inferioridade de qualquer um. Aquela pessoa era tudo o que queria o resto da vida, lado a lado, como dois em um só! Não restavam dúvidas de que tudo seria para sempre. Ao segurar as mãos, sentir que segura-se uma alma, uma vida inteira, um coração fora do peito, é magnífico.

Quando acaba, raramente é uniforme. Um dos lados sempre é mais afoito em querer que as coisas continuem. O outro, tem a necessidade repentina de provar algo novo, algo que preencha um vazio inexplicável. O primeiro chora como um desgraçado, enquanto o segundo já não se importa. Anos depois a vida se equilibra novamente, para que tudo se repita.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Start



Sabe-se muito bem que há tempo para nascer. A segunda chance é um recomeço, para que a história não fique escondida em entrelinhas. Cá está um velho homem que revê cada minuto de seu grande livro-vida, a fim de encontrar algo a ser reaproveitado.

Um amor passageiro quando criança. Cá entre nós, era o melhor a se fazer. As pessoas sabiam que amavam, e que bem provavelmente não eram amadas porque o outro não sabia deste sentimento. Mas amar era o suficiente para agitar brincadeiras de criança e andar mais vagarosamente pelas ruas, ao lado do outro. A outra metade hoje sequer lembra dessa velha história.

Um colo de pai, que tinha cabelos grandes e despenteados, mas sabia dar o melhor amor de pai que o mundo sequer provou. Mas este velho homem sentiu aquele afago, aquele aconchego. Lembrar disso o deixa deveras sufocado pelo tempo estreito da vida.

A cura, que veio por uma fé materna, que arrancaria seu próprio coração do peito para dar vida a uma criança que não podia respirar. Amor de mãe nunca acaba. Não aquela mãe que milagrosamente tira de dentro de si uma nova vida. Mas aquela que dá amor a vida toda a uma criança sem nome, sem cor e sem coração.

Um velho sonho ou uma árvore inteira deles. Ser o criador de uma música que arrebatasse o coração e a atenção alheia por alguns minutos. Um velho vício. Passar uma tarde toda, chuvosa, ao som de um piano na sala de estar.

Uma meta singela: ter uma vida boa e um amor verdadeiro. Não alguém que lhe coloque rédeas curtas, pois precisa ser livre para respirar. Mas alguém que ande lado a lado, como um segundo coração, uma segunda alma.