terça-feira, 26 de março de 2013

Don't Forget Me.


"Posso não estar bem um dia.



Pode ser que um dia eu esteja tão mal, que a sua única alternativa seja sentar ao meu lado, e servir um copo do que eu bebo para você também. Sentar ao meu lado, e servir-se de toda a minha injúria, toda a minha loucura, toda a minha solidão, meu inconformismo, meu cansaço. Seu amor chegaria a este ponto?

Pode ser que um dia, tudo o que eu precise seja um abraço. Minha cara fechada e meu aparente mau humor podem ser sinais disso. Estaria mesmo disposta a enfrentar-me desta forma? 

Pode ser que um dia eu precise apenas de um “eu te amo”. Amar-me-ia sob qualquer condição? 

Pode ser que eu não te traga flores, ou presentes, anéis, colares, ou tickets para um cinema. Mas posso te dar um sorriso, ou contar algo bom. Falas a verdade quando diz que nada espera de mim? 

Pode ser que não encontre em mim um jeito de amar como qualquer outro visto por aí. 

Estás mesmo disposta a descobrir algo em mim para poder amar? 

O amor é cruel, mas eu amo o amor. Venha e voe comigo, para o alto, para longe, e desperdice um pouco do seu tempo tentando descobrir se vale a pena. Além disso, tudo fica bem, se nós dois quisermos.

A única coisa que eu te peço, é que não se esqueça de mim."



sábado, 9 de março de 2013

Drink and Cigarette




Acordo e percebo que dormi com a cabeça sobre o teclado do computador. O gelo que estava dentro do copo derreteu, e o Whisky que ali estava ficou aguado, obviamente. Gostaria muito de lembrar o que escrevia. Porém a forte dor de cabeça e o computador sem energia impedem meu raciocínio.

Me impressiono com a bagunça na qual transformei meu apartamento. Tento lembrar como quebrei minha mesa de centro, ou derrubei tantos livros da prateleira. As três garrafas vazias me fazem entender que bebi demais. Passo a mão no bolso e pego um cigarro. Me dirijo a varanda, sento, e começo a fumar. Não com a pressa de todo fumante. Só me restaram três, por isso desfruto calmamente do que eu acabo de acender.

O tempo está chuvoso, e uma garoa pousa delicadamente sobre a rua. Me chama a atenção a cor do céu, que está embelezado pelo sol das cinco da tarde, alternando entre nuvens mais espessas e mais tênues. Desta forma, o céu se torna ora laranjado, ora cinzento. 

Levanto-me, sigo até a geladeira e pego novamente um Whisky. Renovo o gelo do copo, ligo o computador na tomada, e sento novamente. Aqui estou, digitando. Acendo outro cigarro, e penso que muitos reprovam esta atitude suicida. 

Qual seria então o limite do imoral? Para mim, são minhas quatro paredes. Me sinto anestesiado pelo álcool e a nicotina. Me sinto feliz por todas essas dores emocionais sumirem de forma tão prazerosa. 

Começo a lembrar de todos os planos que fiz na juventude. Ora um profissional da saúde, ora músico, ora bombeiro. O que importa é a ilusão. Certa amiga me disse  uma noite - há muitos anos, em um apartamento durante um trabalho de curso - que eu escrevia muito bem. Gostaria de saber onde ela se encontra. Talvez, cuidando de cavalos.

Junto forças então, para me levantar e pegar a estrada. Tentar partir para Destino, ou talvez para Além. Talvez visitar um velho amor em algo parecido com Ouro Velho. Ultimamente o meu destino não importa. O importante é que descobri a tempo uma felicidade que não encontrei em um mundo capitalista, cujas ideias apodrecem em um câncer mundano de proporções catastróficas. Ainda há tempo de viver a liberdade.

Devaneios a parte, percebo que anoiteceu. Uma noite úmida e fria, propícia para um encontro de amor. Tenho dúvidas se devo me dedicar a dar partida no meu carro ou saio a pé, pego um bonde e vou ao outro lado da cidade. Tenho certeza que alguém está me esperando por lá, há anos. 

Uma ducha quente, uma roupa elegante e um bom perfume. Perfume que já usei em ótimas ocasiões. Tomado pela superstição, não poupo esta raridade para hoje.

Algum dia, me dedico a contar-lhe se as coisas ocorreram como planejei, e se perfumes são mesmo decisivos para uma noite perfeita. Peço licença, pois a hora chegou. Todo momento é o momento de ser o momento mais feliz. Cabe a mim a decisão de manter o momento feliz.

Até o logo,
até o talvez,
até o mais ver.






sexta-feira, 8 de março de 2013

Just Souvenirs



Um menino em
um dia nublado, frio.
Só um menino.
Frio de inverno, um
estacionamento enorme,
Sete da Manhã. 
Não é só um momento.
Se repete quase todas as manhãs.
Um menino ao telefone.
Caminha de lado ao
outro no enorme estacionamento.
Um menino sorri
como bobo ao
ouvir a voz de sua amada.
Um menino que
consegue ficar
suficientemente triste
ao saber
que nenhuma das
duas famílias quer o namoro.
Um menino que
não entende o fato
de ela desistir tão fácil.
Na janela do
ônibus ele está
com o olhar distante.
Na janela do ônibus,
ele acompanha as gotas
da chuva que
escorrem do lado de
fora.
Não, não foi
para sempre.
Lembra de uma
noite em que seria 
sua última noite do ano 
juntos, na qual ele 
abre um diário,
para escrever uma
linda história de
amor.
Ele a entrega
um colar, com
as iniciais de
Nunca
Esqueça
O
Quanto
Eu
Amo
Você.
A vida é
uma máquina de
lembranças.
E a vida vai acontecendo.