quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pra Sempre



Um amor que surge sob a guarda de uma árvore em uma noite de verão, no meio da avenida. A conheceu em um desvio, uma mudança. Nunca pensou sequer em uma aproximação. Mas a distância diminuiu como louca. O vício em encontrá-la foi maior a cada dia, por muito tempo.

O momento no qual mais precisou de alguém pra desabafar, rir, chorar algumas vezes, receber conselhos, já sabia para onde correr. Queria apenas encontrá-la, muitas e muitas vezes. Era uma amizade perfeita e completa. Cúmplices.

O amor veio à tona, mas em secreto. Ela não precisava saber. Dia após dia corria para lá, naquela casa em frente à uma grande árvore e ali conversavam muito. Tudo tão perfeito, aconchegante. Uma voz macia, suave, mas alegre. Contava seus segredos em risos.


"Sabe, eu tinha ciúme de vocês dois.. Você nunca vai entender."

Tarde demais. Um perfeito Game Over (ou quem sabe um try again?). Começaria a tentativa de tornar-se único. Um jogo no qual o coração de ambos deveria ser livre de entrar em atresia. Tudo tão grande. Aquela sensação de um amor eterno, recém nascido.

(Gabriel Derlan, 1987)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Long Road to Ruin



Dentre muitas histórias velhas e reescritas, uma, guardada em um papel bem dobrado no fundo da sapateira. Contava a história de um ladrão e seus dois amores. O que ele queria era roubar um coração para ele, ou o corpo todo, a vida toda. Havia alguém em um lugar santo. Seus olhares cruzaram mais de uma vez.

Ardilosa. Em uma guerra, foi a primeira a ficar por cima e nunca mais saiu. O ladrão agora era vítima de algo mais forte: outro amor. Amor ardiloso, interesseiro, cruel. Seu medo de ir para trás de umas grades eternamente pareceria muito mais agradável. Tentando roubar um coração, acabou sem a cabeça. Agora, além de um coração, precisava também de uma cabeça.

O tempo passa, mas não resolve. Aquela outra dama no primeiro banco da fileira oposta parecia querer algo. Para quem está perdido, não custa arriscar. Ledo engano. Custa um chão. Pois sem coração nem cabeça, não se pode apaixonar. Se puder, ainda assim não se pode amar.

Quando a reencontrou muitas vidas depois, estava gloriosa! Ele já havia reencontrado um coração e muitas outras coisas, menos sua cabeça. Deixou-se envolver por tanta aposta e caiu. Perdeu um beijo. Um beijo roubado. Ela fugiu, mas deixou cair uma carta. Ao ler a carta, o Ladrão deixou escapar seu coração no meio da rua, e ele quebrou. Sim, ela tinha um par.

Queria o seu beijo de volta. Um beijo de ladrão. Encontrou-a no endereço da carta, e pegou tudo o que era seu. Mas lembra do chão? Ela roubou. Ele caiu sem dó, sem coração, nem chão ou cabeça. O tempo não resolve, mas corre como um louco.




quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Amor



Algo tão belo e grandioso, o amor. Poderia até ser resumido em algo que faz crescer abruptamente um jovem que outrora possuía atitudes infantis. Ou até mesmo naquele primeiro abraço dado em alguém do lado oposto. Sentir o coração dela bater como se estivessem conectando duas almas em uma só.

Ah, o amor! Tira o complexo de inferioridade de qualquer um. Aquela pessoa era tudo o que queria o resto da vida, lado a lado, como dois em um só! Não restavam dúvidas de que tudo seria para sempre. Ao segurar as mãos, sentir que segura-se uma alma, uma vida inteira, um coração fora do peito, é magnífico.

Quando acaba, raramente é uniforme. Um dos lados sempre é mais afoito em querer que as coisas continuem. O outro, tem a necessidade repentina de provar algo novo, algo que preencha um vazio inexplicável. O primeiro chora como um desgraçado, enquanto o segundo já não se importa. Anos depois a vida se equilibra novamente, para que tudo se repita.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Start



Sabe-se muito bem que há tempo para nascer. A segunda chance é um recomeço, para que a história não fique escondida em entrelinhas. Cá está um velho homem que revê cada minuto de seu grande livro-vida, a fim de encontrar algo a ser reaproveitado.

Um amor passageiro quando criança. Cá entre nós, era o melhor a se fazer. As pessoas sabiam que amavam, e que bem provavelmente não eram amadas porque o outro não sabia deste sentimento. Mas amar era o suficiente para agitar brincadeiras de criança e andar mais vagarosamente pelas ruas, ao lado do outro. A outra metade hoje sequer lembra dessa velha história.

Um colo de pai, que tinha cabelos grandes e despenteados, mas sabia dar o melhor amor de pai que o mundo sequer provou. Mas este velho homem sentiu aquele afago, aquele aconchego. Lembrar disso o deixa deveras sufocado pelo tempo estreito da vida.

A cura, que veio por uma fé materna, que arrancaria seu próprio coração do peito para dar vida a uma criança que não podia respirar. Amor de mãe nunca acaba. Não aquela mãe que milagrosamente tira de dentro de si uma nova vida. Mas aquela que dá amor a vida toda a uma criança sem nome, sem cor e sem coração.

Um velho sonho ou uma árvore inteira deles. Ser o criador de uma música que arrebatasse o coração e a atenção alheia por alguns minutos. Um velho vício. Passar uma tarde toda, chuvosa, ao som de um piano na sala de estar.

Uma meta singela: ter uma vida boa e um amor verdadeiro. Não alguém que lhe coloque rédeas curtas, pois precisa ser livre para respirar. Mas alguém que ande lado a lado, como um segundo coração, uma segunda alma.