quinta-feira, 14 de junho de 2018

Alcohol, Oxytocin, Serotonin.



Agora somos só você e eu.

Aperto um pouco mais a mão em torno de meu cálice para que a sensação de que o deixaria cair seja só outro mero devaneio. A propósito, estes já não são poucos a essas alturas, fazendo-me sonhar com um passado funesto e sóbrio que eu deveria há anos ter dissolvido em outro cálice.

Quando acordei de meu último sonho, tive ideia de quão prazerosa foi a noite na qual dediquei-me a queimar tudo o que havia de bom senso em mim, a fim de vivê-la por mais um instante. Ou outro. Ou consecutivos outros.

Seria incapaz de entender toda a loucura. Como se pudesse ouvi-la falar dentro de mim, faço com que nossas histórias entrelacem a ponto de parecermos um só em meio ao desastre no qual estamos. Como insano, o tempo para, as luzes apagam, e adormecemos. 

Só você e eu.

De fato, nossa história resultou em uma fuga perpétua em meio à nossas alucinações recíprocas. Pois, ora fujo de você em direção ao que sempre julguei ter sido meu melhor, ora corro adicto pelo nosso erro recíproco. E deveras recorrente, claro.

Já não é mais possível, enfim, perceber que estive com você - tornamo-nos uma só imagem.

No final de tudo, evidente, peço que me ajude a fechar as portas, ainda que saiba que não possa caminhar. Peço que me ajude a guardar segredo, ainda que estar ébrio não colabore. Peço que me ajude a livrar de todo o resto, quando na verdade minha abstinência fala mais alto.

E assim tudo recomeça, entre nós dois. Like another arsonist choir!