sábado, 14 de abril de 2018

Some kind of end



Já parou pra pensar que falta pouco?

Uma espécie de tortura surge ao passo em que um avalanche de sentimentos destrói o que haveria de bom senso em mim. O que deveria ser uma dose homeopática de lembranças que me manteria vivo, tornou-se um perigoso descomedimento.

O que de fato aquelas fotos causavam em mim, era algo não elucidável. Tal qual um adicto, insistia em viver aquele erro a fim de encontrar um meio de voltar e, semelhante a uma carta na manga, fazer o que realmente devera. Isso porque era incômodo perceber que não fazia ideia do estrago que aquelas fotografias me causariam quinze ou vinte anos após ter a pulquérrima iniciativa de tomá-las naquela que seria a última noite de nossa fuga.

Quem fez com que fosse sabotada minha dose de refúgio o fez pensando que jamais acordaria daquele sonho. Bebia algumas gotas daquele elixir infame e nostálgico para que pudesse, em dias normais, sonhar com aquela última e nefasta noite. Em cada sonho, como em um espetáculo, as luzes e as cores do palco me faziam entender que estávamos perto do fim. Não havia maneira qualquer de salvá-la, pois tudo me fazia acordar e perguntar insistentemente: "Como não haver percebido que era o fim?"

No final de cada odisseia que minha mente insistia em viver a fim de reencontrá-la dentro de mim, restava como uma abstinência o brilho em seus olhos, a insistência em mais um brinde, e um sorriso ao qual deveria ter me aproximado como oportuno que aquele instante se fez para, ao menos, beijá-la pela última vez. 

(JB - Wise Man)