quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Memories from an arsonist choir.



Abraço-a forte, como se algo quisesse tirá-la de meus braços. As curvas de seu desenho envolto por minha mais plena insânia torna meu bom senso em uma bomba-relógio.
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Procurei-a por diversas vezes, mesmo sem saber ao certo o seu nome. O máximo que poderia me auxiliar em meus devaneios era o retrato de seu sorriso estampado em uma boa lembrança naquele café.

Não me atrevia a contar todas as tentativas de reencontrá-la. Tal qual naquele dia, sentava-me no mesmo banco de frente para a porta, com um forte e amargo café expresso acompanhado por qualquer outra coisa, arriscando-me a acreditar que um dia a veria outra vez.


A cada estalo ensurdecedor do ponteiro de meu relógio em meio ao caos que se formava, percebo que, apesar de o mundo todo julgar ser uma cilada inexorável, se pudesse olhar outra vez em seus olhos, não hesitaria em embeber-me em sua astúcia.

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Tudo o que tinha de nós dois era o recorte de um velho jornal, de quando nos vimos pela última vez.
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Com os olhos fechados por alguns instantes, sinto meu rosto contrair-se em um discreto sorriso, ao trazer à memória a sensação de euforia de tê-la em meus braços outra vez. 

Sabia muito bem que alimentar o vazio que a sua ausência me provocava, era tão somente mais uma maneira de fazer-me morrer aos poucos.

You Can't Fix This