quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Morte Como um Mero Devaneio

Está frio, e com muita chuva. A tempestade me envolve. Já não posso mais pensar em seguir o mesmo caminho, pois posso desaparecer. Essa brisa molhada que me envolve me mata aos poucos e me assusta muito. Quero fugir daqui. Alguém disposto a me ajudar? Não, nem eu estou! Ouço vozes estranhas toda hora, e todas elas me lembram a voz dela. Essa voz tão repudiada pelas minhas mágoas e desavenças com o meu destino. Já perdi alguns pedaços meus por aí, e alguns litros de felicidade, que se misturaram a toda essa injúria. Dizer adeus é morrer um pouco. Desapareço em meio a tanto desapego, a tanta expectativa falsa. As telhas aqui já estão voando, e a água está subindo. Estou caindo em um imenso oceano, correndo de mim mesmo. Quem sabe não esteja na hora de ir? Quem sabe não fosse para sempre, ou então eu esteja vivendo um livro. Meu nome já não está mais naquele álbum. Ela se fez livre, mas me deixou acorrentado, e em breve a única voz que ouvirei será a do meu respirador, entrando em curto e me levando a outro lugar.



Então, ao longe, ouviam-se ecos. Uma voz tênue, dizia:
" - Ele está vivo, mais uma vez. Deem a vida a ele. Pode acordar, Gabriel."