sábado, 25 de julho de 2015

7912 Elmore Rd, Fruitland



Todo amor é o primeiro amor. Nunca se amou tanto quanto neste determinado momento. Nunca se amou de verdade. Nunca se amou. Afinal, é o primeiro amor. O primeiro beijo, a primeira noite. Sequer houve uma fuga, uma paixão nas entrelinhas. Esta é a primeira paixão, o primeiro infarto, a primeira morte lenta e prazerosa. 

No começo, promete-se nunca trocar, fugir, abandonar. Planeja-se a vida toda ao lado do primeiro amor, seja qual dos primeiros for. E no ápice, quando já não há mais para onde ir, percebe-se que há alguém que poderia levá-lo mais longe, a um custo menor de mortes. Isso porque quem ama - ou diz que ama, tanto faz - morre aos poucos. Abre mão de andar a pé, a sós, e só.

Toda fuga no fim das contas é mal planejada, pois sempre deixa marcas. E no final das contas intermináveis, percebe-se que está em um primeiro amor mais uma vez, seja qual dos primeiros for. Afinal, nunca correu tão longe!

Todo sonho é uma nova experiência, e na maioria das vezes é uma gota do gosto de voltar atrás, semelhante a uma gota de leite condensado em um quadro hipoglicêmico. Faz de conta que é um alívio mas quando desperta é um pesadelo vivo, sem a voz doce, sem o perfume ou o aconchego do abraço.

Todo adeus é a chance de gritar: Volte, imbecil! Mas a imbecilidade fala mais alto quando já estava pela hora da fuga. Quando se troca um pelo outro, e no fim das contas morre com o peso da culpa por não ter voltado atrás. O preto e branco valia, sim, o dobro. O triplo em uma noite do terceiro aniversário de uma quinta, no quinto do sétimo de dois milésimos décimo segundo. Um número perfeito em uma escala indecifrável de experiências. Apesar de tudo, é o primeiro.

Esta é a primeira vida, do primeiro amor, vítima da primeira morte. Talvez. Porque não se morre. Exceto quando, por ironia do destino - ou não! - o bilhete estava lá o tempo todo, na bifurcação do tronco de uma árvore. Aquele calafrio mata. E continua matando, com um doce perfume.

"One year later
Write me..."