quarta-feira, 29 de julho de 2020

Don't forget it.



Olho para a neblina que está do lado de fora, emoldurada pelas portas de minha varanda. Em um misto de atônito e saudoso, estou em pé, acompanhado de um bom vinho - propício à chegada das adoráveis estações frias. Apesar de ser um belo dia, o fato de tudo girar ao meu redor me faz temer os próximos degraus aos quais não escaparia desbravar.

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Tudo o que sei é que lançar várias pás de terra sobre meus principais ideais, aos poucos, já não é suficiente a me fazer desistir.
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Observo em pé tudo o que está ao meu redor. Seguro com minha mão direita o meu casaco, e com a outra preparo-me para apoiar meu corpo em algo que cruze meu caminho tão logo este seja lançado à deriva pelo mínimo de equilíbrio e reflexo que me resta.

O tempo todo, pergunto ao meu bom e velho amigo:
- De onde você desenterrou a certeza de que ela me perdoaria se conhecesse o caos que habita meus pensamentos?

Quando era mais jovem, repetia como um mantra: "Eu vou sobreviver a isso". De fato, apesar de estar em pleno vigor para fazê-lo, não tinha em mim a maturidade em reconhecer que meu salvo-conduto era justamente aquela bagagem, a qual havia tentado plantar a alguns palmos da superfície de meu jardim.




Midlife Crisis