segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

I Was Just Dreaming (Unread Letter - VI)

“...mas Brad, o que é acordar de um sonho com uma sensação estranha? Aquela de arrependimento, por não ter feito diferente. Se tudo foi apenas um sonho, o que haveria de errado em um beijo apaixonado de um amor falso, com o qual se sonhou há dois séculos?

Jurei, é claro, que fugiria de minha própria história. Subiria em um cavalo caro, e faria tudo diferente: uma forma mais aceitável de viver e dominar meus erros. Mas afinal, o que é um sonho? Aquele, do qual se acorda com a sensação de estar sendo consumido por dentro, de um sentimento que mal conhece.

Já provei tudo o que há de assustador nesta vida curta. Diria mais curta, se não estivesse vivo há pouco mais de quatro décadas. Mas afinal, o que é um beijo? E um sonho? Aquele sonho, do qual se acorda com vontade de matar a sede, de gritar, e provar mais um pouco.

O que foi aquilo, amigo? O desespero pela fuga, pelas palavras corretas, pelo amor falso. E nada terminou diferente: em pleno sonho, ninguém em plena consciência fugiria. Não é o meu caso. Mas e o que foi um sonho? Aquela vontade de jogar a última moeda na fonte, a última carta na mesa, e o último copo de vinho garganta abaixo.

E por que não voltar atrás, em última hora? Estava prestes a acordar, e o movimento lá no térreo não permitiu que eu voltasse mais uma vez àquele sonho bom. Mas afinal, Brad: o que é um sonho?”


(Unread letters from Joe, 2012)