quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Fotos na Estante (Short Memories - XI)

Em um certo momento, começo a rever velhas fotos que estão relativamente à mostra em minha sala. Lembro do perfume de cada uma delas, das vozes, dos pássaros, do som das águas ou do tumulto, presente em cada uma delas. Lembro-me do amor que eu sentia em cada uma delas também. Lembro-me do coração quebrado ao partir, e lembro-me da alegria a cada encontro.

"Obrigada por me fazer feliz."

A cada uma delas, volto a um passado distante, uma outra vida muito antes de meu recomeço. As memórias que não foram queimadas ou recortadas ainda estão vivas em velhos retratos, em álbuns empoeirados, ou até mesmo envelopes amarelos no fundo do armário.

O que me atormenta, então, é saber mais uma vez que eu não poderia estar ali novamente, como sempre sonhei, tal qual um efeito borboleta. Não importaria o caos, se dessa vez já soubesse como agir; Se dessa vez não fugisse; Se dessa vez soubesse como amar, e cumprisse a promessa de nunca abandonar.

A essa altura da linearidade dos fatos, metade deles já se foi. Outra parte sequer lembraria o meu nome. Impossível até mesmo entender por que eu ainda não queimei tudo isso. Talvez pela esperança de um dia voltar atrás e errar do mesmo modo, mais uma vez.

(Short Memories, Gabriel Derlan)