quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Long Road to Ruin



Dentre muitas histórias velhas e reescritas, uma, guardada em um papel bem dobrado no fundo da sapateira. Contava a história de um ladrão e seus dois amores. O que ele queria era roubar um coração para ele, ou o corpo todo, a vida toda. Havia alguém em um lugar santo. Seus olhares cruzaram mais de uma vez.

Ardilosa. Em uma guerra, foi a primeira a ficar por cima e nunca mais saiu. O ladrão agora era vítima de algo mais forte: outro amor. Amor ardiloso, interesseiro, cruel. Seu medo de ir para trás de umas grades eternamente pareceria muito mais agradável. Tentando roubar um coração, acabou sem a cabeça. Agora, além de um coração, precisava também de uma cabeça.

O tempo passa, mas não resolve. Aquela outra dama no primeiro banco da fileira oposta parecia querer algo. Para quem está perdido, não custa arriscar. Ledo engano. Custa um chão. Pois sem coração nem cabeça, não se pode apaixonar. Se puder, ainda assim não se pode amar.

Quando a reencontrou muitas vidas depois, estava gloriosa! Ele já havia reencontrado um coração e muitas outras coisas, menos sua cabeça. Deixou-se envolver por tanta aposta e caiu. Perdeu um beijo. Um beijo roubado. Ela fugiu, mas deixou cair uma carta. Ao ler a carta, o Ladrão deixou escapar seu coração no meio da rua, e ele quebrou. Sim, ela tinha um par.

Queria o seu beijo de volta. Um beijo de ladrão. Encontrou-a no endereço da carta, e pegou tudo o que era seu. Mas lembra do chão? Ela roubou. Ele caiu sem dó, sem coração, nem chão ou cabeça. O tempo não resolve, mas corre como um louco.