Um amor passageiro quando criança. Cá entre nós, era o melhor a se fazer. As pessoas sabiam que amavam, e que bem provavelmente não eram amadas porque o outro não sabia deste sentimento. Mas amar era o suficiente para agitar brincadeiras de criança e andar mais vagarosamente pelas ruas, ao lado do outro. A outra metade hoje sequer lembra dessa velha história.
Um colo de pai, que tinha cabelos grandes e despenteados, mas sabia dar o melhor amor de pai que o mundo sequer provou. Mas este velho homem sentiu aquele afago, aquele aconchego. Lembrar disso o deixa deveras sufocado pelo tempo estreito da vida.
A cura, que veio por uma fé materna, que arrancaria seu próprio coração do peito para dar vida a uma criança que não podia respirar. Amor de mãe nunca acaba. Não aquela mãe que milagrosamente tira de dentro de si uma nova vida. Mas aquela que dá amor a vida toda a uma criança sem nome, sem cor e sem coração.
Um velho sonho ou uma árvore inteira deles. Ser o criador de uma música que arrebatasse o coração e a atenção alheia por alguns minutos. Um velho vício. Passar uma tarde toda, chuvosa, ao som de um piano na sala de estar.
Uma meta singela: ter uma vida boa e um amor verdadeiro. Não alguém que lhe coloque rédeas curtas, pois precisa ser livre para respirar. Mas alguém que ande lado a lado, como um segundo coração, uma segunda alma.